terça-feira, dezembro 16, 2014

Aprender com os nossos erros

A nossa estadia aqui em St Lucia tem sido boa e, regra geral, sem grandes complicações. No que diz respeito aos serviços oficiais, nada a apontar. Profissionais e sempre dentro da Lei. Se bem que outras pessoas se queixam de serem coagidos a pagamentos extra. Tal ainda não se passou connosco, nem mesmo no primeiro pedido de extensão do período de permanência.
O mesmo podemos dizer acerca das pessoas e dos negócios locais. No supermercado SuperJ tivemos um pequeno problema com o cartão de crédito, que na maior parte das vezes se recusa a funcionar e tem que ter os dados introduzidos manualmente. Nesse supermercado recusaram-se a fazê-lo!
Agora com o chegar da época alta começamos a ver mais oportunistas a tentarem extrair uns dólares dos visitantes. Tal apenas nos tinha acontecido na primeira vez que fomos comprar água, tendo sido enganados e roubados numas dezenas de dólares EC nas bombas de gasolina no canal de entrada na lagoa. Aprendemos com o erro e agora só compramos água na marina, quando necessário.
No entanto, o nosso maior problema até hoje veio de onde menos esperávamos, isto porque até fiz um post (o meu último) a dizer bem da empresa! A mesma que nos fez um excelente serviço na inspecção do nosso salva-vidas enganou-nos na compra do bote em segunda-mão.
Quando visitámos a Liferaft and Inflatable Centre, nas instalações a bombordo do canal de entrada da lagoa de Rodeny Bay, íamos primeiramente à procura de um novo bote. Estávamos inclinados em comprar um AB de 9 pés, de casco de alumínio. Mas isso iria ser um rombo enorme nas nossas finanças pelo que lhes perguntámos se tinham algum usado em bom estado. Tendo o seu proprietário, um cidadão britânico aqui radicado, dito que tinham um AB de 11 pés de cascoem alumínio em excelentes condições.
No mesmo dia fomos ver esse bote e outro de piso insuflável que não nos interessava. De volta ao escritório falou-se também da hipótese de ver se um conjunto de tubos da Zodiac que tinham servirem no casco do nosso velhinho bote. Para isso deixámos o nosso bote e emprestaram-nos o AB11 para usarmos até ao dia seguinte.
Nessa noite, com receio que o bote desaparecesse, decidimos metê-lo no convés do Dee, tendo ficado instalado comodamente para nossa surpresa porque pensávamos que fosse muito grande para o espaço. Isso veio reforçar ainda mais a hipótese de optarmos pela sua compra visto que nos garantiam que estava em excelentes condições sem qualquer perda de ar e ofereciam mesmo um trabalho cosmético geral antes de nos entregarem o mesmo. Perante isso, e com um preço a rondar os 2000 dólares americanos (contra os cerca de quatro mil que seriam o modelo mais pequeno novo), decidimos, contra-vontade da esposa, voltar a comprar segunda-mão.
Havia ainda o problema do motor fora-de-bordo, o nosso é curto e o bote necessita de um longo mas depois de o testar alguns dias vimos não ser necessário rebaixar a popa. No dia em que levámos o bote lembro-me de referir que parecia estar com pouco ar mas foi-nos dito que seria preferível tê-lo com um pouco menos de ar por causa das diferenças de pressão do dia para a noite. Passados quatro ou cinco dias comecei a notar que havia mesmo perda de ar e que não era apenas devido à pressão atmosférica. Tal foi referido à empresa que continuou a insistir que seria da diferença de temperatura. Anuí e insisti mais uns dias para voltar a constatar que perdia mesmo ar. Um dia quando vinhamos da praia, ao entrar molhado no bote, notámos mesmo que um dos remendos vertia ar, borbulhando na água.
Voltei a falar com a empresa e disseram-me para levar o bote para inspeccionarem num dia de manhã. No final da tarde voltei para ver se estava reparado e foi-me dito que tinha de ir comprar o material para o reparar porque eles apenas ofereciam a mão-de-obra!
Exigi falar ao telefone com o patrão, visto que no escritório apenas estava uma nova empregada. No decorrer da conversa via telefone negou tudo o que tinha dito pessoalmente em frente da minha esposa aquando da conversa para se decidir se compravamos novo ou usado. Negou que tivesse garantido que o bote estava em boas condições e não perdia ar, tendo mesmo insinuado que talvez estivesse nessas condições devido ao uso que lhe davamos!
Depois de ponderar bem o que fazer, optámos por não voltar a falar com eles e não aceitar a “oferta” da mão-de-obra gratuita.
Mas não queremos deixar passar a oportunidade para divulgar o nosso caso para que futuras vítimas tenham atenção.
Entretanto sabemos que o outro bote de fundo flexível já foi vendido e está a ser usado por uma pessoa com veleiro aqui. Esperamos que tenha tido melhor sorte que nós.

Apesar de ter-mos tido um bom serviço no que diz respeito à inspecção do salva-vidas (possivelmente porque tem de ser avalizada pela marca), a forma como nos trataram relativamente ao bote obriga-nos a desaconselhar completamente os serviços da Liferaftand Inflatable Centre, não só porque nos enganaram mas também porque são agentes de várias marcas, incluíndo agentes locais da Budget Marine, que muitos de nós usa como fonte de peças e equipamentos.

quarta-feira, novembro 12, 2014

Salva-vidas do Dee

Um dos items a verificar na nossa preparação para a travessia do Oceano Pacífico no próximo ano era o salva-vidas que, a confiar no selo da inspecção que constava na caixa, não era verificado desde 2001!
Durante esta nossa estada em Santa Lucia decidimos então fazer esse investimento extra. Um investimento que, sinceramente, esperamos nunca precisar de utilizar!
Abrir o salva-vidas PLASTIMO
O local escolhido foi o agente local da marca PLASTIMO, a marca do nosso salva-vidas, a Liferaft&Inflatable Center em St Lucia, propriedade de um casal aqui estabelecido há várias décadas. Um dos requisitos que tinhamos, devido ao curto orçamento, era de dar em troca o fogão eléctrico que tinhamos a bordo desde que comprámos o de gás em St Maarten! Felizmente foi possível fazer negócio e o fogão pagou uma parte substacial da conta da inspecção do salva-vidas.
O fogao Force10
Outro dos requisitos que tinha era de ser possível ver a inspecção a ser feita, tanto a abertura como a selagem do equipamento dentro da caixa. A empresa não levantou quaisquer obstáculos a que estivessemos presentes e vissemos todo o processo, o que nos deixou mais confiantes no bom serviço que forneciam.
Inspeccionar um salva-vidas não é obrigatório na maioria dos países mas para nós, que planeamos a nossa vida no mar, era mais do que obrigatório, era essencial. A nossa vida pode depender dele, apesar de esperamos nunca o ter de usar. Mas, caso seja preciso, não quero ter a surpresa de não funcionar!
Todo o processo demorou cerca de três dias, tendo sido aberto num dia de manhã na nossa presença e como podem ver no video disponível aqui no texto. Surpreendentemente o interior estava em excelentes condiçoes, no entanto, todo o equipamento de emergência estava mais do que expirado e teve de ser todo substituído.


A lista é a seguinte:
Lanterna à prova de água e baterias
Veryligh com paraquedas
Verylight manual
Fumo laranja flutoante
Pílulas anti-enjoo
Kit de reparação
Kit de primeiros-socorros
Apito
Fita-adesiva azul
Super-cola

Havia ainda água e comida para os seis ocupantes do salva-vidas, items que não foram repostos porque temos um dessalinazidor portátil no saco de abandono do barco caso seja necessário.
Foi também inspeccionado e renovado cilindro de CO2 e feito um teste Hydro ao mesmo válido até 2019.
O salva-vidas é de seis pessoas, fabricado em 1995 e certificado para uso em alto mar.
O serviço total custou 4260EC$ (cerca de 1600 US$) e foi passado um certificado de inspecção válido por dois anos, tendo sido o processo feito de acordo com os regulamentos SOLAS e a resolução 9185528 IMO. Findos os quais a empresa nos aconselhou a fazer nova inspecção especialmente para verificar se o piso do salva-vidas está em boas condições e mudar a cola que o segura a toda a estrutura. Pelo que nos explicaram esse é o maior calcanhar de aquiles dos salva-vidas e que deve ser evitado a todo o custo. Portanto, fica o conselho para insistir com a colagem do piso dos salva-vidas sempre que são inspeccionados para que se certifique que o piso fica no local e não descola!
A fechar o salva-vidas
O serviço prestado pela Liferaft&Inflatable Center foi profissional e completamente aberto, sem quaisquer detalhes escondidos. Tudo foi discutido connosco e foram sempre muito atenciosos, tendo tentado tudo para que fossemos satisfeitos e que o serviço fosse do nosso agrado. Isto, para nós, foi muito importante visto que estamos com orçamento muito curto e deixou-nos a impressão de que o serviço foi muito bom, visto não sermos um cliente prioritário como os que chegam a estas paragens de carteiras cheias de dólares.

sábado, setembro 06, 2014

Eólico a funcionar

Desde que começámos a viver a bordo do nosso veleiro que nos debatemos com problemas de energia. De início tivemos problemas com as baterias, que tiveram de ser todas substituídas. No total foram seis baterias de ciclo profundo que nos davam, ou deveriam dar, 115amp cada, duas ficam destinadas apenas à ignição e as restantes quatro a tudo o resto. Infelizmente, desde o início e mesmo após mudar todas as baterias compradas (ainda dentro da garantia), nunca fomos capazes de manter energia suficiente, andando sempre o nível perto dos 12 volts e ao fim da noite mesmo abaixo dos 12 volts, o que não é nada bom para as baterias.
Em termos de produção apenas tínhamos o alternador do motor, um Powerline de 115amp equipado com regulador que gera energia suficiente para as baterias mas que obriga o motor a funcionar. Fazemos isso uma vez por dia durante uma hora ao final do dia, aproveitando também essa altura para produzir água potável. Ainda antes de começarmos a nossa viagem tentámos minimizar a dependência do alternador instalando um painel solar, optámos por uma unidade grande que oferece 250Watts e que, em dias de sol, atesta as baterias completamente mesmo com o frigorífico a funcionar. No entanto, apesar do painel solar, continuávamos a ter problemas de gerar energia, especialmente em dias sem sol.
Havia, ou melhor, ainda há, um gerador eólico KISS a bordo mas que nunca funcionou. Precisa de ser totalmente reconstruído. Devido às minhas limitações em termos de conhecimentos eléctricos, optámos por não o reconstruir mas sim adquirir uma unidade nova.

Com as restrições orçamentais conhecidas começámos a pesquisa, estando inclinados em comprar algo feito em Portugal. Com a secreta esperança que o produtor decidisse oferecer a unidade em troca de promoção da marca e como forma de apoiar o nosso esforço de promoção da cultura lusófona.
Contactado foi o produtor da marca SilentWind, pelo nosso conhecimento o único gerador eólico marítimo feito em Portugal, mas a resposta que recebemos foi com a oferta de um desconto de 20% numa factura que ultrapassava os mil Euros. Agradeci a simpatia e recusei devido a falta de recursos. Agora posso dizer que aqui em St Thomas conseguia a mesma unidade com um desconto superior ao que a casa mãe em Portugal me oferecia e pelo qual queriam que fosse feito comentários positivos ao produto!
Mas, depois de muito procurar e porque tínhamos de encontrar algo que se encaixasse no nosso orçamento, optámos por adquirir uma unidade de 400Watts da Sunforce. Não se trata de exactamente uma versão marítima mas parece oferecer todos os requisitos necessários para se aguentar algum tempo neste ambiente.
Foi encomendada através da Amazon e passado quatro dias estava no nosso barco sem quaisquer encargos adicionais para envio. Passado 24 horas estava instalada e a funcionar. Trata-se de uma unidade com controlador interno sem necessidade de passar pelo nosso controlador do painel solar, pelo que a ligação vai directa ao banco de baterias usado para o equipamento eléctrico do veleiro. Pela experiência até ao momento, parece funcionar bem e quando o vento ajuda, realmente carrega as baterias, ajudando a manter a carga acima dos 12 volts mesmo em dias sem sol.
A instalação, no nosso caso, foi bastante fácil visto que aproveitámos para substituir a unidade KISS, que agora vai esperar até que algum benfeitor nos queira apoiar na sua renovação. As ligações eléctricas estavam no local, o poste necessário estava já instalado. Apenas foi necessário prolongar o cabo eléctrico do compartimento do motor até às baterias, aproveitando essa ligação para instalar um interruptor de 50amp para desligar o gerador eólico quando não é necessário funcionar ou para lhe fazer manutenção no futuro.
No futuro iremos instalar mais um ou dois painéis solares e, quando for necessário substituir baterias, possivelmente iremos optar por baterias de lithium. Mas, para já e até chegarmos à Ásia, temos de viver com este sistema.

terça-feira, setembro 02, 2014

Problema da água resolvido

A causa de todos os problemas
Faz já algum tempo que não faço nenhum texto para o nosso blogue. Essa tarefa tem estado mais a cargo da NaE.
Penso que a última vez que escrevi estávamos ainda em Ponce, Porto Rico. Desde aí já passámos por muito, bom e mau, mas na maioria bom.
Neste momento estamos ainda em St Thomas, USVI, onde regressámos depois de uma breve passagem pelas BVI e por St Martin. Regressámos a território americano por diversas razões, documentos para o cachorro (Noel) e porque aqui ficamos sem problemas de vistos. A NaE, por ter passaporte Tailandês, tem problemas nos territórios europeus, apesar de ser casada com um Europeu e ter uma filha com passaporte Europeu. Enfim, assim se vê como anda o mundo!
Mas este texto tem mais como objectivo abordar um problema que nos tem afectado desde o início da viagem e que, finalmente, fui capaz de resolver. O dessalinizador nunca funcionou como deveria ser e por diversas vezes estiveram “peritos” da marca a bordo para tentar resolver o problema, apontando sempre diagnósticos que nos levavam a pensar em comprar um novo! Como a sua aquisição estava fora de questão para os meses mais próximos por falta de fundos, continuei a insistir em reparar o existente.
Trata-se de uma unidade com vários anos da marca PUR (actual Katadyn) que produz 80 galões (cerca de 300 litros) de água potável a cada 24 horas. Quando iniciámos a viagem procedi ao normal tratamento que estas unidades precisam depois de longos períodos de inoperância, substituí todos os vedantes da bomba e fiz a limpeza das duas membranas de filtragem. Tudo deveria estar pronto para produzir água em condições normais. No entanto, a máquina não produzia como deveria e, de tempos a tempos, parava com indícios de sobreaquecimento. Os “técnicos” apontavam para um problema da bomba, logo a peça mais cara de todo o conjunto! Só aqui iria a módica quantia de 3 a 4 mil dólares americanos. Mas, eu sempre acreditei que a bomba estaria boa, não havia fugas e quando funcionava fazia água de qualidade e com um fluxo dentro dos parâmetros esperados. A qualidade da água indicava também que não havia problema com as membranas, outra das possíveis causas apontadas, e cada uma custa 600 dólares! Havia ainda outro elemento no conjunto, um motor eléctrico de alta potência, semelhante em tudo a um motor de arranque de automóvel. Este, só para descarga de consciência, decidi retirá-lo e levá-lo a uma oficina para verificar, veio com veredicto positivo e sem qualquer falha. Mas, mesmo assim tudo parava de tempos a tempos e cada vez mais frequentemente. Continuava a sentir-se uma temperatura exagerada na zona do interruptor e do motor eléctrico, desconfiando eu que tal fosse a razão das paragens.
Unidade semelhante à do S/V Dee
Depois de desmontar tudo vi uma pequena peça que nunca tinha sido alvo de atenção e que fazia parte do sistema eléctrico, estando localizada entre a entrada da energia antes de chegar ao interruptor. É nada mais, nada menos, que um disjuntor que previne que seja disponibilizada muita energia, protegendo assim o motor eléctrico. Tratei de o retirar e substituir por um semelhante, mas de potência um pouco mais alta mas ainda dentro do limite do motor eléctrico, e o problema desapareceu! Afinal era o ShortStop de 15Amps que estava danificado.
De um orçamento de milhares de dólares acabei por resolver o problema com 20! Depois de ter desperdiçado 200 ou 300 dólares com os ditos “peritos”.
Outra coisa que aprendi foi que os dessalinazadores da Katadyn (ou PUR) afinal não precisam de peças da marca, como muitos se queixam. No processo de substituição e tentativa de reparar o aparelho acabei por substituir também alguns dos tubos de alta pressão. Na versão original são de metal moldados para encaixar perfeitamente no espaço da caixa do aparelho mas tentei usar tubos flexíveis comprados na HomeDepot e serviram na perfeição. Aliás, penso que funcionam ainda melhor porque se consegue ajustar melhor os ângulos evitando-se forças contrárias que acabam, com o tempo, dando lugar a fugas no sistema.

As próprias membranas, que a Katadyn cobra 600 dólares americanos cada, podem ser substituídas por membranas standart do HomeDepot, visto que os tubos de alta pressão encaixam nelas. Esse será o próximo passo!

domingo, março 30, 2014

Sonhos começam em La Hispaniola



O texto original foi escrito em tailandês pela NaE e traduzido para para Português pelo João.

La Hispaniola significa "A Espanhola" na língua de Cervantes. Onde Cristóvão Colombo descobriu o Novo Mundo em 1492. La Hispaniola é constituída por dois países, a República Dominicana e o Haiti.

Nossa Volta ao Mundo começa aqui, na República Dominicana, onde foram assinados os documentos da compra do veleiro. Enquanto ainda estamos no modo de preparação, verificando as velas, motor, sistemas de comunicação e eléctricos, filtros de água, comida e, claro, tentando ajustarmo-nos ao nosso novo estilo de vida, passámos os últimos três meses em Luperón, Puerto Plata. Luperón está localizada na costa norte da República Dominicana, e é conhecida como o paraíso dos velejadores por causa da segurança natural que abriga muitos barcos à vela durante a temporada de furacões, é o porto mais seguro das Caraíbas. E, em termos de terramotos, o último na República Dominicana foi em 1930.

Provavelmente, se perguntarmos à geração mais jovem onde é a República Dominicana muitos, ou mesmo todos, ficam embaraçados e perguntar-nos-ão onde é! Ou, na melhor das hipóteses, confundem-na com Dominica! No entanto, para as pessoas interessadas em História, a República Dominicana é bem conhecida. Tudo começou aqui, a descoberta do Novo Mundo, La Isabela, onde Cristóvão Colombo chegou, a primeira missa no Novo Mundo, o primeiro assentamento europeu no Novo Mundo, a primeira igreja católica nas Américas ou até mesmo a primeira capital das Américas. Hoje em dia Santo Domingo ainda permanece a capital da República Dominicana e também a maior capital do Caribe.

A História e cultura dominicana é notável. A cultura é uma mistura de europeia e nativa, o que deu resultado em "mestiços" (pessoas de raça mista), os dominicanos têm uma aparência que contrasta com a do seu vizinho, os haitianos têm pele mais escura. Hoje em dia, a República Dominicana tem uma população de cerca de 10 milhões de pessoas. O espanhol é a única língua oficial. A principal indústria do país é o turismo, naturalmente, porque as ilhas do Caribe são o destino de sonho para os amantes de praia e do mar. No entanto, a sua natureza virgem e a longa história estão atraindo cada vez mais turistas. Os principais produtos de exportação são o arroz, banana e galináceos, sendo o Haiti o destino principal destes produtos porque o seu solo não é adequado à produção agrícola. Os Estados Unidos e a Venezuela são os segundos principais destinos das exportações. Depois de visitar muitos locais em todo o país, temos que admitir que a paisagem é de tirar o fôlego, os campos são tão verdejantes que até a aragem cheira a campo. As bananeiras estão por todo o país, é um dos principais produtos e, naturalmente, é um alimento de base importante na dieta diária dos Dominicanos, da mesma forma que as batatas são para os europeus e o arroz para os asiáticos. Como resultado desta abundância e variedade, as bananas são sempre parte das refeições como acompanhamentos em parceria com o feijão!

O que me deixou mais surpresa foram as pessoas. São todos muito prestáveis e sempre prontos a ajudar. Nos primeiros dias depois que chegarmos perguntei ao João se eles nos ajudam com sinceridade ou porque vêm que somos turistas e tentam tirar vantagem de nós. Quando perguntei a alguns locais a razão de serem assim a resposta impressionou-me e que espero que os nossos leitores possam também aprender da mesma forma que também o fizemos. "O nosso país é um destino turístico. Nós não queremos saber de onde vieram, e acreditamos que não é necessário perguntar de onde vieram, desde que seja um turista temos que o receber bem. O nosso país é talvez o único país no mundo onde pode conhecer uma pessoa local e no dia seguinte pode ser convidado para ir comer a sua casa ou mesmo ganhar um bom amigo."

O governo dominicano tenta promover a indústria do turismo e faz todos os esforços para melhorar a segurança do país. Tentam proteger a natureza, exemplo disso é o mangal que é protegido por lei. Na baía de Luperón todos estão conscientes do problema da poluição e as autoridades deixam muito claro que é estritamente proibido despejar lixo ou quaisquer outros produtos poluentes nas águas, pela simples razão de que não querem estragar o ciclo natural e perturbar a vida marinha. No entanto, se alguém tende a prejudicar a natureza, pode ver-se em problemas com as autoridades e tem que enfrentar as leis locais.

A República Dominicana é rica em alimentos, frutas e legumes e outros recursos naturais, no entanto, a água é uma preocupação séria. O governo tem feito sérios esforços para consciencializar as pessoas para a qualidade da água da rede pública, promovendo o consumo de água tratada, em vez da água que chega às casas.

Desde que chegámos que temos comprado água engarrafada. No entanto, encontrámos alguns velejadores experientes que nos disseram, como regra de ouro nas Caraíbas, geralmente bebem água da torneira se os locais também a bebem, caso contrário, bebem engarrafada. Temos seguido este conselho até agora. Esta é a razão de vermos tantas marcas diferentes de água tratada, marcas a nível nacional e mesmo apenas local. As opções e os preços variam muito. Tivemos a oportunidade de visitar uma das marcas de Luperón – onde nos foi explicado todo o processo e que, possivelmente, iremos abordar num próximo texto.

A parte norte da República Dominicana está virada para o Oceano Atlântico e o sul para o mar do Caribe, uma extensa linha de costa com muitos portos de pesca e infraestruturas. Luperón, onde passamos a maior parte do tempo, está localizado no litoral norte. Uma aldeia com poucos habitantes que com a alta dos preços do gasóleo e da gasolina, dá origem a custos insuportáveis para a indústria pesqueira. Em resultado disso, o porto de Luperón só tem seis barcos de pesca e só saem duas vezes por semana durante longos períodos para maximizar a margem de lucro. Há um porto comercial maior em Puerto Plata, que contribui grandemente para a economia da costa Norte, mas não é suficiente para abastecer toda a região. Este problema com os altos custos de combustível e frota de pesca pequena, justifica a falta de opções em termos de pescado, mesmo vivendo na água!

Agora o veleiro Dee está quase perfeito para velejar em alto mar. Tudo está ficando afinado e deixámos de dar mais passos para trás do que para diante. Se as coisas seguirem de acordo com o plano, vamos estar à espera de uma janela de tempo favorável para deixar Luperón, com rumo a leste de La Hispaniola, para seguir para Porto Rico, um dos estados da América.
Vista de mar, Puerto Plata
Vista de mar, La Isabela
Catedral, Puerto Plata
Área Colonial, Puerto Plata
Baía de Luperón, vista da Marina Tropical
A primeira igreja das Américas; Las Americas, La Isabela
Fruta na estrada, Puerto Plata
Actividade de domingo, escola de vela na baía de Luperón
Noel com pôr-do-sol , baía de Luperón
Pai e filha, na baía de Luperón
Filete de peixe com banana frita
Rua na vila de Luperón
O "nosso" fornecedor de vegetais local, Luperón
Baía de Luperón, vista da Marina Luperón 

domingo, fevereiro 16, 2014

O meu dia de São Valentim

Este texto foi, originalmente, escrito pela NaE em Inglês e traduzido para Português pelo João.
A família Gomes no "Dee" 

Passou já algum tempo desde que escrevi pela última vez, penso que desde que deixei Macau. O principal problema não é falta de inspiração ou a preguiça, mas penso que compreendem, estamos tão ocupados que nem sequer temos tempo para ir visitar quaisquer lugares na República Dominicana e já cá estamos há um mês! Todas as manhãs acordamos por volta das 7, e se temos energia eléctrica na marina temos sorte de ter pequeno-almoço! Ah, preciso de explicar que no nosso barco não podemos cozinhar se não tivermos energia da rede pública ou da marina porque o nosso fogão é eléctrico, e temos que esperar que o mecânico conserte o nosso gerador de bordo, aliás, esperamos desde que chegámos. As nossas baterias novas tiveram de ser substituídas porque morreram, o nosso bote de borracha não tem motor fora de bordo porque ainda esperamos que a pessoa que cuidava do nosso barco quando estava em doca seca nos o entregue, mas essa pessoa anda muito ocupado com problemas na sua própria empresa. A marina onde ficamos chama-se "clube de iates" mas nem sequer podemos sair por terra, precisamos de ter carro, tem energia eléctrica apenas algumas horas por dia, mas, pelo menos, têm água corrente durante todo o dia. Estamos como que presos aqui, no meio das ilhas sem forma de ir a algum lado e algumas vezes até mesmo sem comida.
O que temos de resolver todos os dias não é agradável, e a isso há que adicionar uma vizinha "ecológica" que passa o tempo a reclamar que o nosso motor faz muito fumo e que entra pelo seu enorme iate quando durante o dia tentamos carregar as nossas baterias!
Muitas vezes sinto-me desesperada com o que está acontecendo mas sinto-me impotente, não há nada que eu possa fazer! Não é como na Ásia, onde podemos encontrar um mecânico para consertar uma coisa e, se ele não fizer o trabalho bem, podemos tentar encontrar outro. Por isso aqui usam muito a expressão trabalham ao "estilo Dominicano"! Como é? Se tiverem um compromisso algum dominicano terão sorte se aparecer no mesmo dia! Isso é estilo Dominicano e ninguém se chateia!
Muitas vezes discuto com João mesmo sabendo que ele tenta o seu melhor para resolver tudo, tentando solucionar os problemas um por um. No entanto, para me adaptar e me acostumar a este tipo de vida é muito difícil, e ainda tenho que tentar aceitar e perceber o que está acontecendo. Mas, o que posso fazer?
Culpo sempre o João dizendo que faço isto por causa dele. Este projecto foi sempre o seu sonho e eu apoio-o. Não era o meu sonho e ele está sempre lembrando-me que, se não gostava da ideia poderia ter dito desde o início. Eu nem sequer sei o que quero para mim! Não sei se isto é o que eu quero, no entanto, somos uma família e eu não posso deixá-lo ir sozinho. Ser um casal diz tudo, somos dois e não um. Eu sei que posso sempre dizer não e voltar para a minha vida confortável, mas se eu fizer isso de que vale ser um casal? E, se não nos apoiamos e encorajamos mutuamente, que tipo de marido e mulher somos?
Hoje é o Dia de São Valentim e nem sequer tivemos um dia especial ou jantar. Todo o dia foi passado a conduzir de um lado para o outro numa cidade para tentar encontrar peças e outros equipamentos necessários para o nosso veleiro. Que tal o jantar? Estamos tão ocupados com a nossa lista de compras, com a comunicação com o mecânico verificando o seu trabalho e a cuidar da Maria que realmente não temos tempo. Acabámos por comer comida enlatada com arroz branco! Que vida!
Não importa se hoje é o dia dos casais, para mim a minha família é a coisa mais importante. O João, o Noel e a Maria e eu, somos a família Gomes e sendo uma família desejo que possamos ser felizes todos juntos. Eu amo-os todos os dias!


Feliz Dia dos Namorados!

segunda-feira, janeiro 27, 2014

O que temos andado a fazer

Caros amigos
Pedimos desculpas por ter-mos estado todo este tempo sem dar notícias, no entanto, como muitos de vós já devem saber, estamos na República Dominicana desde meados de Janeiro. Mas, desde que chegámos, não temos tido tempo para nada, nem mesmo para este pequeno texto. Todo o tempo disponível tem sido dedicado a trabalhar no barco, a tomar conta da nossa bebé e do nosso cão e a nos adaptarmos a este novo estilo de vida.
Na marina está tudo a decorrer como planeado, apenas com custos mais altos do que aquilo que tínhamos antecipado, o que nos obriga agora a uma gestão mais apertada da pouca verba disponível.
O veleiro deverá ser lançado à água a qualquer altura esta semana e assim que o leme de vento e a nova pintura do casco estiver pronta.
Os últimos dias foram passados a instalar novas baterias (2 para o motor 4 para o barco, todos de ciclo profundo e marítimas). Fazendo pequenos trabalhos de marcenaria, limpando o interior e aplicando reparador de madeiras antes de mudar roupas para o interior. A instalar uma nova bomba de água de 40psi para o duche e novos interruptores flutoantes. E, isto sendo completamente fora do nosso planeado orçamento, reparando a cobertura de lona do poço. O veleiro tem uma cobertura que fecha completamente todo o poço mas, por restrições orçamentais, e porque não iremos usá-la toda na maior parte do tempo, decidimos apenas reparar os plásticos da parte da frente e de cerca de 1/3 dos laterais.
Por agora ainda continuamos num quarto arrendado e a conduzir um carro alugado, pelo menos até ao final do mês, altura em que esperamos já estar a viver a bordo.
Até lá ainda temos de encontrar um bote dentro do nosso orçamento porque, sem ele, não nos será possível deixar o cais...