domingo, fevereiro 16, 2014

O meu dia de São Valentim

Este texto foi, originalmente, escrito pela NaE em Inglês e traduzido para Português pelo João.
A família Gomes no "Dee" 

Passou já algum tempo desde que escrevi pela última vez, penso que desde que deixei Macau. O principal problema não é falta de inspiração ou a preguiça, mas penso que compreendem, estamos tão ocupados que nem sequer temos tempo para ir visitar quaisquer lugares na República Dominicana e já cá estamos há um mês! Todas as manhãs acordamos por volta das 7, e se temos energia eléctrica na marina temos sorte de ter pequeno-almoço! Ah, preciso de explicar que no nosso barco não podemos cozinhar se não tivermos energia da rede pública ou da marina porque o nosso fogão é eléctrico, e temos que esperar que o mecânico conserte o nosso gerador de bordo, aliás, esperamos desde que chegámos. As nossas baterias novas tiveram de ser substituídas porque morreram, o nosso bote de borracha não tem motor fora de bordo porque ainda esperamos que a pessoa que cuidava do nosso barco quando estava em doca seca nos o entregue, mas essa pessoa anda muito ocupado com problemas na sua própria empresa. A marina onde ficamos chama-se "clube de iates" mas nem sequer podemos sair por terra, precisamos de ter carro, tem energia eléctrica apenas algumas horas por dia, mas, pelo menos, têm água corrente durante todo o dia. Estamos como que presos aqui, no meio das ilhas sem forma de ir a algum lado e algumas vezes até mesmo sem comida.
O que temos de resolver todos os dias não é agradável, e a isso há que adicionar uma vizinha "ecológica" que passa o tempo a reclamar que o nosso motor faz muito fumo e que entra pelo seu enorme iate quando durante o dia tentamos carregar as nossas baterias!
Muitas vezes sinto-me desesperada com o que está acontecendo mas sinto-me impotente, não há nada que eu possa fazer! Não é como na Ásia, onde podemos encontrar um mecânico para consertar uma coisa e, se ele não fizer o trabalho bem, podemos tentar encontrar outro. Por isso aqui usam muito a expressão trabalham ao "estilo Dominicano"! Como é? Se tiverem um compromisso algum dominicano terão sorte se aparecer no mesmo dia! Isso é estilo Dominicano e ninguém se chateia!
Muitas vezes discuto com João mesmo sabendo que ele tenta o seu melhor para resolver tudo, tentando solucionar os problemas um por um. No entanto, para me adaptar e me acostumar a este tipo de vida é muito difícil, e ainda tenho que tentar aceitar e perceber o que está acontecendo. Mas, o que posso fazer?
Culpo sempre o João dizendo que faço isto por causa dele. Este projecto foi sempre o seu sonho e eu apoio-o. Não era o meu sonho e ele está sempre lembrando-me que, se não gostava da ideia poderia ter dito desde o início. Eu nem sequer sei o que quero para mim! Não sei se isto é o que eu quero, no entanto, somos uma família e eu não posso deixá-lo ir sozinho. Ser um casal diz tudo, somos dois e não um. Eu sei que posso sempre dizer não e voltar para a minha vida confortável, mas se eu fizer isso de que vale ser um casal? E, se não nos apoiamos e encorajamos mutuamente, que tipo de marido e mulher somos?
Hoje é o Dia de São Valentim e nem sequer tivemos um dia especial ou jantar. Todo o dia foi passado a conduzir de um lado para o outro numa cidade para tentar encontrar peças e outros equipamentos necessários para o nosso veleiro. Que tal o jantar? Estamos tão ocupados com a nossa lista de compras, com a comunicação com o mecânico verificando o seu trabalho e a cuidar da Maria que realmente não temos tempo. Acabámos por comer comida enlatada com arroz branco! Que vida!
Não importa se hoje é o dia dos casais, para mim a minha família é a coisa mais importante. O João, o Noel e a Maria e eu, somos a família Gomes e sendo uma família desejo que possamos ser felizes todos juntos. Eu amo-os todos os dias!


Feliz Dia dos Namorados!