quinta-feira, julho 25, 2013

No caso de...

Para os nossos seguidores, que podem estar curiosos em saber o que aconteceu nos últimos dias ...
Não esqueci o blog, estamos apenas a trabalhar algumas questões relacionadas com o design, já que o queremos completamente pronto para ser lançado depois do anúncio a nossa aventura oficialmente em meados de Agosto.
Precisamos decidir sobre um design que nos permita ter informações sobre nós, o nosso projeto, o nossos apoiantes, mas também o próprio blog e com a possibilidade de acrescentar alguma publicidade se algumas empresas decidirem apoiar durante a viagem.
Para isso, em vez de mudar o design do blog depois de sairmos de Macau, decidimos que seria melhor fazê-lo antes. Vamos ser sinceros, é mais fácil fazê-lo agora do que mais tarde, quando o acesso à internet por si será uma aventura!
Não sendo especialistas em blogs ou em design, nem código html, torna tudo mais difícil, sendo precisa a ajuda de amigos. Por enquanto está tudo a funcionar , vamos esperar pelo melhor e por uma solução rápida para o nosso design.
Se notarem qualquer anomalia com o blog nas 3 línguas pedimos desculpas!
Em breve teremos um rosto limpo e um blog melhor para lerem os nossos posts!
João e a tripulação do Dee!

segunda-feira, julho 22, 2013

Coração destroçado


Este artigo deve ser dedicado à NaE, visto que ela está na fase de preparação do espírito para o novo estilo de vida, completamente diferente do actual!
Sendo ela da “cidade grande”, preocupa-se muito com as aparências e bens "materiais", mas a culpa não é culpa dela! Os pais educaram-na dando-lhe a impressão que podia ter tudo, apesar de frisarem que, no entanto, só podia ser uma coisa de cada vez! Esta educação condicionou a sua forma de pensar: "quero sempre o melhor". Coisas de marca ou caras são sempre melhores do que outras sem marca! Esta forma de pensar piorou ainda mais depois de ter mudado para a China, onde a primeira pergunta que as pessoas fazem assim que te vêem com algo novo é "Quanto custou?". Para os asiáticos, e sei que é rude aos olhos dos "brancos" (ocidentais), no entanto, é cultural!
A NaE tem a sorte de conseguir ganhar dinheiro suficiente para suportar suas próprias despesas e ter o suficiente para pagar por essa forma de pensar! Como família viajamos para a Europa, pelo menos, uma vez por ano, e para outros países da Ásia 2-3 vezes, não incluindo a Tailândia sempre ela “chora” para ir visitar a mãe e os amigos de infância. E claro, em todas essas viagens, o “turismo” é feito, nos centros comerciais! Sim! Apesar de também, esporadicamente, visitarmos locais históricos, a maioria do tempo é passado nesses locais com ar condicionado!
Recentemente, a NaE estava com o João na cozinha, quando o telefone dela tocou ela respondeu: "Ok, obrigado". Foi tudo o que disse à pessoa do outro lado da linha, intrigando o João que lhe perguntou o porquê de uma conversa tão curta. "A ..... (Loja de relógios de marca no maior centro comercial de Macau) ligou-me para dizer que estavam a fazer saldos. Vês, agora nem preciso de ir procurar pelos saldos, as lojas até me ligam! " "Devias era ter vergonha", disse-lhe o João ao sair da cozinha.
Graças a Deus temos o barco na República Dominicana, e não podemos levar tudo de Macau porque seria muito caro. A sério, a NaE quer levar tudo da marca "X" ou "Y", malas, etc, desculpando-se com o facto que pode ser preciso para quando for a uma festa! Festa, onde?!
Na verdade, ela até que nem e assim tão obcecada com a marca e até já melhorou muito desde que nos conhecemos! O ponto de viragem foi ter ficado grávida. A maioria das suas roupas já não servem! Por isso precisou de comprar roupas, tendo optado por comprar mais baratas e apenas o essencial na esperança de que ainda possa vir a usar as antigas roupas! No entanto, já se apercebeu que não será possível!
Quando começou a vender as coisas em casa, porque não podemos levar tudo para o barco, foi "forçada" a vender todos as suas coisas de "marca", sendo o João obrigado a ouvir, vezes sem conta, fazer como "Nunca usei isto "," isto comprei na Europa" ou " este é da marca bla…bla…bla…". Enquanto o João considerava tudo aquilo chato, a NaE sentia-o como sendo uma tragédia, tendo de escolher as coisas tão "preciosas" para vender ao desbarato.
Só agora se apercebeu que via ter de começar do zero novamente. É o momento perfeito, esta mudança para o barco. "Se eu soubesse que ia perder uma fortuna, nunca teria gasto tanto dinheiro nestas coisas ", continua ela a lamentar-se!
No entanto, esta experiência não foi do dia para a noite e ela ainda não perdeu toda a esperança. Agora sempre que tem de comprar alguma coisa pondera muito bem, optando por comprar ainda de marca, mas apenas o essencial, não porque está em saldos... Um passo de cada vez...
Agora a sua grande dúvida é: "Como é que vai fazer a mudança para o barco com apenas 23 quilos de bagagem?"
Outro artigo para chorar em breve!

quarta-feira, julho 17, 2013

Carga de trabalhos

Estas últimas semanas têm sido de intenso planeamento e de pesquisa de formas de enviar os nossos pertences para a República Dominicana.
Estando do outro lado do mundo e tendo um orçamento reduzido, limita-nos de grande forma as opções. O ideal seria pagar um contentor de 25 pés e enviar tudo o que temos em casa e que queremos levar! Tal, felizmente ou infelizmente, não é possível.
A opção de envio de carga em volume aparentava ser a mais vantajosa, visto custar cerca de 350 Euros por metro cúbico (incluindo documentos, empacotamento, etc). No entanto, e por experiencia anterior com o Windvane que comprámos para instalar e que foi enviado da Alemanha, os impostos de importação no país de destino são surreais! Pelo que, sendo as coisas que queremos enviar produtos de uso pessoal e todos eles usados, tais taxas iriam fazer com que se torna-se exageradamente caro enviá-los.
E, por outro lado, o envio de carga por barco a partir da Ásia é apenas possível para Santo Domingo, pelo que teríamos ainda de encontrar uma solução para que fosse desalfandegada e levada para Luperon. Imagino em quanto isso iria ficar sem nós estarmos no país!
A solução será mesmo diminuir ao máximo o que temos de enviar para que possa ser enviada por correio directamente para Luperon. Isto ficará em cerca de 250Euros por cada 20 quilos! E, acreditem, 20 quilos não é nada quando se fala de pertences nossos.
Já escolhemos praticamente tudo o que queremos enviar, sendo que a primeira caixa de 20 quilos deve seguir em breve, para ver se chega ao destino antes de decidirmos enviar mais!
Roupas de vestir, roupa de cama, toalhas, roupas da bebé, alguns utensílios de cozinha que não se conseguem encontrar no destino (utensílios para comida asiática, nomeadamente), alguns equipamentos para o barco, peças sobresselentes de pequena dimensão, livros de bebé e alguns livros técnicos que não puderam ser digitalizados (porque não seria conveniente para consulta no futuro), são algumas das coisas que temos para levar.
Agradecia-mos que nos dessem algumas ideias para enviar as coisas, caso sejam diferentes das nossas.
A outra opção seria comprar tudo no destino mas, como disse anteriormente relativamente aos utensílios de cozinha, nem tudo se consegue encontrar do outro lado do mundo. E, certamente, existem coisas com valor sentimental para nós que gostaríamos de ter connosco na nossa nova casa.
Este passo de enviar bagagem de Macau para a República Dominicana está a ser, até agora, o que mais dispendioso de todos.
Em breve saberão qual será o mais caro mas inevitável...

segunda-feira, julho 15, 2013

Despesas e dinheiro

Quase ao mesmo tempo que a ideia de irmos “embora” de veleiro se ia construindo nas nossas cabeças começavam a surgir as dúvidas de como iríamos fazer face às despesas inerentes a este tipo de vida. Dúvidas que ainda persistem mas que, de certa forma, pensamos que se irão dissipando à medida que formos assentando no novo estilo de dia-a-dia.
Assegurada ficou uma colaboração semanal com o jornal de Macau O Clarim, onde iremos publicar tudo o que se for passando durante a nossa viagem. Ficou também combinada uma colaboração em linga inglesa, mensal, com a revista Fragrant Harbour de Hong Kong. Aliás, já colaboro com ambas as publicações à vários anos, pelo será mais uma continuidade do que uma novidade.
Por outro lado, este fluxo de dinheiro não será, só por si, suficiente para fazer face a todas as despesas, pelo que esperamos que mais colaborações possam surgir no decorrer da nossa viagem e que nos ajudem a fazer face a todas as despesas.
A NaE tem também assegurada uma colaboração mensal com uma revista em língua Tailandesa e que irá, de certa forma também, ajudar a tapar buracos!
Entretanto, e como temos de ser criativos nas soluções para gerar verbas, decidi fazer o curso de inspector de barcos de pesca e recreio da United States Surveyor Association, tendo concluído o mesmo em Abril de 2013, sendo agora Master Surveyor, licenciado pela USSA. Na prática esta licença possibilita-me fazer inspecções a embarcações em qualquer parte do mundo. Portanto, se precisarem de alguma inspecção a um barco que estejam a comprar, e se estivermos nessa zona, não hesitem em nos contactar!
Sabemos, por experiencia de outros que optaram pelo mesmo estilo de vida, que as despesas do dia-a-dia (não incluindo a manutenção excepcional do veleiro), acabam por ser muito mais reduzidas do que as que normalmente temos na vida em terra. Não há contas de água, de luz, de telefone, etc… e não há rendas, nem carros, nem idas ao cinema ou ao restaurante todos os dias!
É difícil encontrar informação relativa a despesas neste estilo de vida porque cada tripulação é um caso diferente. Se optarem por ter o mesmo estilo de vida que tinham em terra, comendo em restaurantes caros e viajando em terra o tempo todo, claro que acabarão por gastar fortunas. Mas, o estilo de vida que queremos ter no veleiro é precisamente para fugir a tudo isto e enveredar por uma vida mais relaxada e deixar todos estes “vícios” para trás.
Actualmente, com o estilo de vida que levamos, gastamos, grosso modo, 2000€ por mês em comida, despesas fixas e outros extras. Não contando com rendas (ou amortizações ao banco), gasolinas, parques de estacionamento, etc. Portanto, esperamos que na vida a bordo essas despesas venham a ser reduzidas substancialmente.
Iremos tentar, pelo menos nos primeiros meses, manter uma lista de gastos com comida, manutenção e outras despesas correntes, para que consigamos ter uma ideia do que será necessário em termos de orçamento sem entrar em gastos desnecessários.

quinta-feira, julho 11, 2013

Piratas do Quest condenados

Certamente que se lembram do caso do Quest e da sua tripulação que foi assassinada por um grupo de piratas Somalis. Aconteceu em 2011 na zona do Golfo de Omã, quando um grupo de piratas abordou o veleiro americano e sequestrou os seus tripulantes. Os detalhes do que aconteceu a seguir nunca ficaram esclarecidos mas acredita-se que a tripulação acabou assassinada devido a disputas entre vários grupos de piratas que lutaram entre si para ver quem levaria o veleiro para a Somália e pediria o resgate.
Finalmente, passados todos estes anos, um grupo de três piratas serão levados à justiça e podem ser mesmo condenados à morte nos Estados Unidos.
Este pode ser o desfecho possível para o horrível crime que foi o assassinato de Jean e Scott Adam, proprietários do Quest, e dos seus amigos Bob Riggle e Phyllis Macay, em 2011 enquanto a marinha americana tentava negociar a sua libertação com os piratas em alto mar ao largo da Somália.
O veleiro que vinha do Golfo de Omã estava em rota para o Djibuti para abastecimento quando foi interceptado pelos piratas.
Leiam mais aqui…em Inglês…em Português
A história em 2011 pode ser lida aqui em Inglês… Em Português

quarta-feira, julho 10, 2013

Actualização da tempestade Chantal

Foto do The Weather Channel (www.weather.com)
A Tempestade Tropical Chantal continua a sua trajectória em direcção à Ilha de Hispanola, República Dominicana e Haiti…
Espera-se, de acordo com as previsões e trajecto da tempestade, que passe mais sobre o lado Sudoeste da ilha, afectando mais o Haiti e a zona Sul da República Dominicana. De acordo com os meteorologistas, é possível que ao entrar em contacto com a zona de montanha na Hispaniola perca intensidade e se disperse, deixando de ser uma ameaça às populações.
Olhando para a foto da projecção, parece que a zona de Luperon ficará quase de fora do cone de passagem da tempestade, no entanto, mesmo assim, serão e esperar chuvas intensas e rajadas de vento consideráveis.
Esperamos que todos se consigam manter seguros. Os nossos pensamentos estão com os nossos amigos na zona.
Sergey e família na Marina Tropical. O nosso anjo do barco e protector. Esperamos que tudo esteja bem convosco e que estejam protegidos.
Gil McWhirther e família, residentes em Luperon, fiquem por casa até a tempestade passar.
Ray Quenville e família e equipa do Britannia Pub, esperamos que esteja tudo bem por Sosua.
Malta do veleiro Necesse, estamos a fazer votos para que tudo corra pelo melhor e que nada vos aconteça.
E tripulação do Turf to Surf,  continuem por Cabarete até a tempestade passar… protejam-se…
Senhora Lucy Brito e família, esperamos que estejam todos bem e bem preparados para a tempestade.
Senhor AldoErazo, na capital Santo Domingo, esperamos que não sejam muito afectados pelo Chantal.
Big Lee...mantenha-se seguro junto do mar...mantenha a sua equipa e bar em segurança para que possamos ir aí da próxima vez!
Os nossos pensamentos nestes dias irão estar com vocês…

terça-feira, julho 09, 2013

Primeira tempestade

Foto do The Weather Channel (www.weather.com)
Estamos ainda em Macau e a mais de seis meses de começar a nossa vida na água, no entanto, já nos vamos preocupando com o que se passa do outro lado do mundo em termos de clima.
Como sabem, o nosso veleiro Dee está em Luperon, República Dominicana, segundo dizem um dos melhores locais nas Caraíbas para nos protegermos dos tufões (furacões naquela zona do globo). E, de acordo com os dados do clima dos últimos dias, a tempestade tropical Chantal, que se formou na zona tropical do Atlântico na segunda-feira, na zona da Venezuela, está em rota com grande parte das ilhas das Caraíbas e com a República Dominicana. Apesar de ir, se a trajectória se manter, entrar na República Dominicana pelo lado Sul da ilha, pelo lado da capital Santo Domingo, irá afectar Luperon depois de voltar a entrar na água em direcção às Bahamas.
Esperemos que a cauda da tempestade não cause estragos na baía de Luperon e que a “Dee” fique segura e em boas condições. Serão uns próximos dias de muita ansiedade.
Entretanto, e como amizades ligadas ao mar se vão fortalecendo, não nos podemos esquecer dos amigos que, infelizmente, estão nesta altura na rota da tempestade. Esperemos que consigam escapar ilesos a todo este problema.
Britt, Scott and little Isla do blog Windtraveler, esperemos que nada vos aconteça e que possam continuar viagem sem problemas…

sexta-feira, julho 05, 2013

Corrida a Luperon

Mais de 80 horas de avião, cinco voos e muitas horas sem dormir foi o preço a pagar para ir ver o nosso veleiro antes de terminar a transacção. Depois de todos os contactos, da inspecção e do primeiro depósito, era altura de reservar um bilhete, visto que a restante família não poderia ir. Apenas eu (o João) fui à República Dominicana, ficando a NaE, com  o Noël e a Maria, com pouco mais de um mês, à espera de novidades.
Hong Kong para Narita e Newark
O voo de partida foi no dia 13 de Fevereiro, em direcção a Tóquio, para depois seguir daqui para Newark, onde iria ficar quase 24 horas à espera para apanhar outro voo que me levaria a Puerto Plata, na República Dominicana. Uma aventura inédita e que, de certa forma, trazia alguma ansiedade. Além de nunca ter viajado para o continente americano, havia ainda toda a incerteza acerca do país e de como realmente estaria o barco. Depois da odisseia do avião, chegado à República Dominicana à hora de almoço, era altura de tentar encontrar forma de chegar ao hotel onde tinha sido feita a reserva. Um hotel, como muitos outros neste país, com tudo incluído. A viagem de táxi do aeroporto até ao Puerto Plata Village, pouco mais de cinco quilómetros, deve ter sido das corridas mais caras da minha vida, confirmando-se que os transportes na República Dominicana são, realmente, caros. Devido ao elevado preço dos combustíveis, segundo fiquei a saber dias depois. Já instalado no hotel, era altura de tentar encontrar forma de transporte para Luperon, cerca de 100 quilometros de distância! Muitas conversas com o pessoal do hotel e alguma pesquisa na internet feita, decidi alugar um carro, pela módica quantia de 70 dólares americanos por dia! Um Kia Sportage que já tinha visto melhores dias mas que se manteve em bom funcionamento durante os dias de utilização, nunca me tendo deixado a pé! No dia da chegada, além de estar cansadíssimo, não tinha meio de transporte, pelo que optei por ficar pelo hotel. No dia seguinte à hora de almoço, ainda a dormir visto que a diferença do fuso horário era de 12 horas (!), literalmente do outro lado do mundo, lá me vieram buscar para ir ver o carro, preencher a papelada e seguir viagem. Por volta das três da tarde já conduzia em direcção a Luperon, num trânsito apenas comparável ao da China! Regras? Para quê?
À chegada a Luperon, e decidido a encontrar a Marina Tropical pelos meus próprios meios, tive de perguntar duas vezes informações mas, contra todas as probabilidades, acabei por lá chegar sem grandes problemas. Tendo, no final, dado graças a deus por ter alugado um todo-o-terreno visto que o acesso é de terra batida e tinha chovido recentemente.
O nosso veleiro à chegada à marina
Já na Marina um dos empregados (Amauri de seu nome) recebeu-me com a hospitalidade normal do povo desta ilha. Indicou-me o meu barco e disse-me para estar à vontade que o gerente da Marina chegaria dentro em breve. A primeira visão do “Carry Okies” foi positiva, estava com o casco pintado de novo e com bom aspecto, tendo eu decidido ir ver por dentro como estava. Primeira inspecção feita era altura de ir cumprimentar Sergey, o gerente, que se veio a revelar um grande amigo e seguir para ir comer alguma coisa porque já se fazia tarde. Durante o tardio almoço, onde me foi servida “a bandeira” (forma como os dominicanos denominam a refeição normal constituída por carne, arroz e feijão, imagens que fazem parte da sua bandeira!), aproveitei para telefonar ao vendedor, tendo acabado por combinar ir encontrá-lo no dia seguinte quando regressasse a Luperon pela manhã (se procuram um veleiro, aconselho vivamente que contactem Gil McWhirter da Luperon Yachts and Property Sales, um tipo excepcional e excelente profissional). No mesmo dia, à noite, resolvi ir conhecer o responsável pela inspecção do barco, tendo ir jantar no seu restaurante em Sosua. Tendo sido acolhido de forma afável, não me tendo deixado sequer pagar o jantar (se precisam de um inspector na República Dominicana ou um local para comer e beber, o Britannia e Ray Quenville da SeaMonkey Marine Surveys é a pessoa a contactar).
Britannia pub em Sosua
De regresso à Marina Tropical, era altura de planear o que fazer, tendo pedido ajuda a Amauri para que me aconselhasse duas pessoas para me ajudarem na árdua tarefa de retirar tudo de dentro da embarcação, limpar, encerar e voltar a meter o que era escolhido, antes de ter de regressar à Ásia no dia 23.
Parte do que saiu do interior do veleiro
Foram cinco dias de intenso trabalho, desde as 8 da manhã até quase não haver luz natural, para retirar tudo do interior do veleiro, limpar, lavar, e depois de tudo escolhido, voltar a meter no seu interior novamente. A pouco e pouco tudo foi ordenado, limpo e com a ajuda dos dois trabalhadores da marina, conseguiu-se terminar a tarefa no último dia, tendo pelo meio sido feita uma viagem a Santiago de los Caballeros (a segunda maior cidade do país logo a seguir à capital) para tentar encontrar caixas para acondicionar tudo o que era para guardar do barco.
Piso limpo e encerado
Deixei a República Dominicana no dia 24 com destino a Newark, tendo embarcado no dia seguinte para Hong Kong, desta vez sem fazer escala em Tóquio. Foi uma volta completa ao mundo em pouco mais de uma semana!
Newark para Hong Kong, completa-se o círculo!




quinta-feira, julho 04, 2013

Novo barco, novo registo

E agora o que fazer?
Em finais de 2012 tínhamos um novo barco.
Uma série de decisões tinham de ser tomadas.
Desde o nome, se mantínhamos o anterior ou se o baptizávamos com novo nome. Isto mesmo foi decidido, indo contra a tradição dos mares que diz dar má sorte mudar o nome de uma embarcação (a cerimónia terá de ser feita segundo tradições e será aqui relatada a seu tempo), tendo sido escolhido o nome Dee para homenagear a nossa filha após ela ter nascido. Até ao novo registo que teria de ser feito assim que o título de venda fosse assinado e a titularidade passasse para o nosso nome. Visto vivermos em Macau e mesmo perante todas as recusas de apoio que aqui sempre recebemos tanto de privados como do Governo, queríamos, de alguma forma, levar o nome desta terra na nossa aventura, pelo que estaríamos decididos a registar o barco com bandeira de Macau para ser o primeiro a dar a volta ao mundo. Aos primeiros contactos feitos com a Capitania dos Portos logo ficámos a saber que tal não iria acontecer. A falta de apoio que registámos por parte do Governo de Macau anteriormente reflectia-se também na inflexível posição das autoridades marítimas locais que se recusavam a registar o veleiro sem que este estivesse em Macau e, mesmo estando no território, a quantidade de documentos exigida era de tal forma surrealista que nunca iríamos conseguir proceder ao registo. Continuo sem saber como iria conseguir os planos de construção do veleiro, exigido pela Capitania, se o construtor já nem sequer existe! Para nosso desapontamento perante a falta de apoio a um projecto que tinha como objectivo levar o nome de Macau e promover os seus laços com os países de língua Portuguesa, metemos desde logo de parte a ideia e começámos a procurar novas opções para registar o veleiro. A escolha seguinte, naturalmente, seria um país de língua Portuguesa, neste caso decidimos tentar o registo offshore da Madeira, por ser o mais acessível para pessoas a viver fora de Portugal. Passados alguns dias do primeiro contacto chegámos à conclusão que também não seria para a nossa bolsa. Os valores pedidos eram de tal forma exorbitantes que não teríamos qualquer forma de os cobrir. Entretanto, a conselho de um amigo, começámos a pesquisar os registos offshore nos Estados Unidos da América, tendo sido escolhido o de Delaware. Assim a Dee ficou registada em Delaware, sob o número DL1496AJ e irá continuar com bandeira americana! Como eu gosto da simplicidade administrativa da terra do Tio Sam...

quarta-feira, julho 03, 2013

A procura do veleiro

Quando começámos a alimentar a ideia desta viagem não sabíamos muito bem o que nos esperava em termos de preparação. Sabíamos que tínhamos de ter um barco, pelo que essa foi a prioridade. Tínhamos um veleiro em Macau mas a sua dimensão não era suficiente para esta viagem.
Elissa, o nosso veleiro de 25'' em Macau
Portanto, foi por aqui que começou a grande aventura. A procura começou por ser feita na Ásia, por razões logísticas e por ser mais fácil visitar o barco para inspeccioná-lo e ver as condições que oferecia, tanto a nível de qualidade como mesmo para acertar os detalhes da sua possível aquisição, pagamento, preparação e tudo o resto que iria envolver preparar a embarcação para ficar pronta a arrancar para a viagem. O primeiro que fomos ver foi em Hong Kong, tendo nós acabado por ver dois no mesmo dia mas que não nos impressionaram. Se bem que um deles, um Ta Chiao até era uma opção mas o seu preço era para nós, sem qualquer apoio financeiro, difícil de suportar.
O Valiant 40 em Pattaya, TH
Depois seguiu-se um na Tailândia, do qual gostávamos mas que não se encaixava no nosso orçamento visto que não contamos com qualquer apoio financeiro a não ser o nosso próprio bolso! Depois de várias pesquisas na internet, barcos e fotografias nas Filipinas, Malásia, Singapura, Austrália, etc… alargámos o nosso horizonte geográfico e com uma visita de férias à Europa, decidimos ir ver um candidato no Sul de Espanha que, mesmo depois de quase 24 horas de carro, infelizmente, também se revelou pouco adequado.
Em Almerimar, SP
Nessa altura, com a hipótese de adquirir o veleiro fora da Ásia, a Europa assemelhava-se a melhor opção, visto que seria possível dar início à viagem ainda dentro do universo da língua Portuguesa, partindo de Portugal. De regresso à Ásia a nossa procura continuou até que, por acaso, alguém nos enviou informação sobre um barco na República Dominicana. Um pouco incrédulos pesquisámos e ficámos surpreendidos com o barco, tendo praticamente decidido que seria esse o nosso barco.
A primeira foto do nosso barco
Emails e telefonemas por Skype com, poucos dias depois já tínhamos decidido que talvez este fosse o barco que iria ser utilizado. Assinámos um pré-acordo com o vendedor, Gil McWhirter, da Luperon Yachts and Property Sales, depois do dono ter aceite as nossas condições de pagamento faseado visto que não tínhamos capital suficiente para um pagamento a pronto e também porque, devido à distância, não queríamos pagar a totalidade do barco sem que o víssemos pessoalmente.
A inspecção decorreu sem grandes problemas e as recomendações de Ray Quenville da SeaMonkey Marine Surveys foram positivas, o que nos deixou mais descansados.
Estávamos em Novembro de 2012, pouco antes de começar o último mês do ano e a pouco mais de dois meses do nascimento da nossa filha!

Parte do que foi retirado
Tínhamos de decidir o que fazer e como ir ver o barco em Luperon na República Dominicana. Dado a bebé ser demasiado pequena, a viagem foi marcada apenas para o João, um mês depois do nascimento da Maria! Em Fevereiro de 2013, pela primeira vez, víamos o nosso barco ao vivo! Quatro dias de viagem, quatro de estadia, que foram usados para ver o barco, limpá-lo por dentro e por fora, e acertar detalhes com a Marina Tropical, onde continua até a este momento. E onde o proprietário da Marina, Sergey, tem sido incansável em nos informar de tudo o que se passa e em atender a todos os nossos pedidos. Algo pelo qual iremos estar eternamente gratos.

A viagem e a rota

Apesar de ter tido início no ano 2000 em Portugal a sua comemoração, só agora os países Asiáticos começaram, paulatinamente, a comemorar esse feito, cada um no ano em que, oficialmente, os navegadores Portugueses chegaram ao seu território. As viagens quinhentistas foram um tema transversal em todas as conversas que fomos tendo, daí o facto de ter-mos decidido comemorar os quinhentos anos da primeira viagem que chegou à Ásia em detrimento, pela completa falta de apoios, da ideia original de celebrar a Lusofonia e Macau. Há pouco mais de meio século, pela primeira vez por mar, os navegadores Portugueses chegavam “ao outro lado do mundo”, feito que culminou com a chegada ao Japão em 1543 depois da Índia, China e muitos outros países nesta zona do globo. O Cabo da Boa Esperança foi dobrado pela primeira vez em 1488 pelo navegador Bartolomeu Dias, abrindo a rota para Oriente. Havendo alguma discrepância de datas entre historiadores, grosso modo aceitam-se as de 1510 para Goa, 1511 para Malaca, 1513 para Diu, 1513 para a China, 1514 para Timor, 1523 para Damão e 1543 para o Japão, isto apenas para referir os mais importantes no seio da Lusofonia. Para assinalar este feito dos nossos antepassados, mas também para comemorar todo o legado, nomeadamente o legado da língua que é hoje oficial em nove países e territórios e falada em muitos outros locais em comunidades que recusam deixá-la morrer, o que era para ser apenas uma viagem de uma família para visitar todos os países de língua Portuguesa, vai também ser uma forma de homenagear todos esses homens que fizeram a história que nos une.


Daremos início à viagem nas Caraíbas, mais propriamente na República Dominicana onde a embarcação, no último ano, tem estado a ser preparada para o efeito. Daqui atravessaremos para o Pacífico, via Canal do Panamá, para depois rumar às diversas ilhas do maior oceano do planeta, sempre em direcção ao continente asiático, chegando à Austrália e Indonésia aportando em Timor. A chegada a Timor Lorosae deverá registar-se em finais de 2014 ou princípios de 2015 (dependendo das condições climatéricas durante a travessia do Pacífico), altura em que ainda se estarão a comemorar os 500 anos da chegada dos navegadores Portugueses àquele país. Depois rumaremos a Macau via Indonésia e Filipinas, com paragens durante a viagem em locais relevantes da presença Portuguesa nesta zona, nas ilhas Banda e Molucas. Após Macau o rumo que se seguirá será o Sudeste Asiático, com Phuket na Tailândia, Malaca na Malásia e outros locais onde os Portugueses se mantiveram durante séculos. Deixando o Sudeste Asiático rumaremos à Índia, onde os navegadores Portugueses chegaram em 1511, aportando a Goa, Damão e Diu antes de atravessar o Oceano Índico em direcção a Moçambique dando início ao capítulo Africano desta aventura. De Moçambique seguiremos a costa para dobrar o Cabo da Boa Esperança e depois chegar a Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde onde diremos adeus a África e atravessaremos, pela primeira vez durante a nossa viagem, o Oceano Atlântico com destino ao Brasil. Chegados à América do Sul, mais de 500 anos depois dos navegadores Portugueses, rumaremos a Norte pelas Caraíbas, Bahamas onde iremos atravessar para as Bermudas e depois para as ilhas dos Açores e Portugal continental, dando-se assim por encerrada a viagem ao fim de, possivelmente, quatro anos. Um final de viagem onde tudo começou há mais de cinco séculos.

Tudo começou há já alguns anos

O veleiro Gulfstar 45 Hirsch na baía de Luperon, RD
A ideia inicial era de encontrar um veleiro na zona onde vivemos (Macau, China) para, a partir daqui, seguir a rota dos antigos aventureiros portugueses e visitar todos os países e locais onde há quinhentos anos aportaram. Tínhamos como ideia promover os laços da Lusofonia, a língua Portuguesa e as suas ligações a Macau. No entanto, logo cedo isso ficou deixado de lado visto não ter havido qualquer interesse oficial em que tal fosse feito. Muitos contactos feitos com o Governo de Macau, com os Governos de Portugal e dos outros países lusófonos, resultaram em pequenas promessas vagas de apoio institucional que nunca se materializaram. De Macau esperávamos mais, especialmente do Turismo de Macau que tanto apregoa a cultura portuguesa e a sua defesa. Cedo aprendemos que de palavras vãs está este mundo cheio! No entanto, e apesar de muitos nos tentarem demover da ideia, continuamos paulatinamente e pelos nossos próprios meios, pouco a pouco, metendo o projecto de pé. Muitos dos detalhes originais tiveram de ser metidos de parte por falta de orçamento, incluindo a própria partida e chegada que deveria ser em Macau. Era-nos impossível conseguir garantir 50 mil Euros para trazer a embarcação para Macau, pelo que decidimos que o mais apropriado seria começar no local onde a adquirimos. Com o reduzido orçamento familiar adquirimos um veleiro de 45 pés na República Dominicana e dali iremos dar início a esta aventura em Janeiro de 2014. O propósito da aventura continua, mais ou menos, o mesmo, tirando o pormenor de levarmos as cores da bandeira de Macau como baluarte da promoção da Lusofonia e da cultura de raiz Portuguesa. Vamos sim, depois de alguns amigos nos aconselharem, aproveitar a viagem para assinalar os 500 anos da ligação marítima da Europa à Ásia. É essa viagem que aqui vamos relatar, os seus altos e baixos, o seu dia-a-dia, aventuras e desventuras… A aventura de uma família que decidiu deixar o aconchego do lar e de uma vida profissional estável para viver uma vida com menos luxos mas com mais liberdade. Para dar à sua filha a oportunidade de crescer junto dos pais e de aprender valores morais desprendidos de bens materiais.