Este texto foi, originalmente, escrito pela NaE em Inglês e traduzido para Português pelo João.
A família Gomes no "Dee" |
Passou já algum tempo desde
que escrevi pela última vez, penso que desde que deixei Macau. O principal
problema não é falta de inspiração ou a preguiça, mas penso que compreendem,
estamos tão ocupados que nem sequer temos tempo para ir visitar quaisquer
lugares na República Dominicana e já cá estamos há um mês! Todas as manhãs acordamos
por volta das 7, e se temos energia eléctrica na marina temos sorte de ter pequeno-almoço!
Ah, preciso de explicar que no nosso barco não podemos cozinhar se não tivermos
energia da rede pública ou da marina porque o nosso fogão é eléctrico, e temos
que esperar que o mecânico conserte o nosso gerador de bordo, aliás, esperamos
desde que chegámos. As nossas baterias novas tiveram de ser substituídas porque
morreram, o nosso bote de borracha não tem motor fora de bordo porque ainda
esperamos que a pessoa que cuidava do nosso barco quando estava em doca seca
nos o entregue, mas essa pessoa anda muito ocupado com problemas na sua própria
empresa. A marina onde ficamos chama-se "clube de iates" mas nem
sequer podemos sair por terra, precisamos de ter carro, tem energia eléctrica apenas
algumas horas por dia, mas, pelo menos, têm água corrente durante todo o dia. Estamos
como que presos aqui, no meio das ilhas sem forma de ir a algum lado e algumas
vezes até mesmo sem comida.
O que temos de
resolver todos os dias não é agradável, e a isso há que adicionar uma vizinha
"ecológica" que passa o tempo a reclamar que o nosso motor faz muito
fumo e que entra pelo seu enorme iate quando durante o dia tentamos carregar as
nossas baterias!
Muitas vezes sinto-me desesperada
com o que está acontecendo mas sinto-me impotente, não há nada que eu possa
fazer! Não é como na Ásia, onde podemos encontrar um mecânico para consertar
uma coisa e, se ele não fizer o trabalho bem, podemos tentar encontrar outro. Por
isso aqui usam muito a expressão trabalham ao "estilo Dominicano"!
Como é? Se tiverem um compromisso algum dominicano terão sorte se aparecer no
mesmo dia! Isso é estilo Dominicano e ninguém se chateia!
Muitas vezes discuto
com João mesmo sabendo que ele tenta o seu melhor para resolver tudo, tentando solucionar
os problemas um por um. No entanto, para me adaptar e me acostumar a este tipo
de vida é muito difícil, e ainda tenho que tentar aceitar e perceber o que está
acontecendo. Mas, o que posso fazer?
Culpo sempre o João dizendo
que faço isto por causa dele. Este projecto foi sempre o seu sonho e eu apoio-o.
Não era o meu sonho e ele está sempre lembrando-me que, se não gostava da ideia
poderia ter dito desde o início. Eu nem sequer sei o que quero para mim! Não
sei se isto é o que eu quero, no entanto, somos uma família e eu não posso
deixá-lo ir sozinho. Ser um casal diz tudo, somos dois e não um. Eu sei que
posso sempre dizer não e voltar para a minha vida confortável, mas se eu fizer
isso de que vale ser um casal? E, se não nos apoiamos e encorajamos mutuamente,
que tipo de marido e mulher somos?
Hoje é o Dia de São
Valentim e nem sequer tivemos um dia especial ou jantar. Todo o dia foi passado
a conduzir de um lado para o outro numa cidade para tentar encontrar peças e
outros equipamentos necessários para o nosso veleiro. Que tal o jantar? Estamos
tão ocupados com a nossa lista de compras, com a comunicação com o mecânico
verificando o seu trabalho e a cuidar da Maria que realmente não temos tempo.
Acabámos por comer comida enlatada com arroz branco! Que vida!
Não importa se hoje é
o dia dos casais, para mim a minha família é a coisa mais importante. O João, o
Noel e a Maria e eu, somos a família Gomes e sendo uma família desejo que possamos
ser felizes todos juntos. Eu amo-os todos os dias!
Feliz Dia dos
Namorados!

1 comments:
Um beijinho desde o Porto e muita força- No final tudo vai correr bem e terão uma grande história para contar aos netos
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