domingo, março 30, 2014

Sonhos começam em La Hispaniola



O texto original foi escrito em tailandês pela NaE e traduzido para para Português pelo João.

La Hispaniola significa "A Espanhola" na língua de Cervantes. Onde Cristóvão Colombo descobriu o Novo Mundo em 1492. La Hispaniola é constituída por dois países, a República Dominicana e o Haiti.

Nossa Volta ao Mundo começa aqui, na República Dominicana, onde foram assinados os documentos da compra do veleiro. Enquanto ainda estamos no modo de preparação, verificando as velas, motor, sistemas de comunicação e eléctricos, filtros de água, comida e, claro, tentando ajustarmo-nos ao nosso novo estilo de vida, passámos os últimos três meses em Luperón, Puerto Plata. Luperón está localizada na costa norte da República Dominicana, e é conhecida como o paraíso dos velejadores por causa da segurança natural que abriga muitos barcos à vela durante a temporada de furacões, é o porto mais seguro das Caraíbas. E, em termos de terramotos, o último na República Dominicana foi em 1930.

Provavelmente, se perguntarmos à geração mais jovem onde é a República Dominicana muitos, ou mesmo todos, ficam embaraçados e perguntar-nos-ão onde é! Ou, na melhor das hipóteses, confundem-na com Dominica! No entanto, para as pessoas interessadas em História, a República Dominicana é bem conhecida. Tudo começou aqui, a descoberta do Novo Mundo, La Isabela, onde Cristóvão Colombo chegou, a primeira missa no Novo Mundo, o primeiro assentamento europeu no Novo Mundo, a primeira igreja católica nas Américas ou até mesmo a primeira capital das Américas. Hoje em dia Santo Domingo ainda permanece a capital da República Dominicana e também a maior capital do Caribe.

A História e cultura dominicana é notável. A cultura é uma mistura de europeia e nativa, o que deu resultado em "mestiços" (pessoas de raça mista), os dominicanos têm uma aparência que contrasta com a do seu vizinho, os haitianos têm pele mais escura. Hoje em dia, a República Dominicana tem uma população de cerca de 10 milhões de pessoas. O espanhol é a única língua oficial. A principal indústria do país é o turismo, naturalmente, porque as ilhas do Caribe são o destino de sonho para os amantes de praia e do mar. No entanto, a sua natureza virgem e a longa história estão atraindo cada vez mais turistas. Os principais produtos de exportação são o arroz, banana e galináceos, sendo o Haiti o destino principal destes produtos porque o seu solo não é adequado à produção agrícola. Os Estados Unidos e a Venezuela são os segundos principais destinos das exportações. Depois de visitar muitos locais em todo o país, temos que admitir que a paisagem é de tirar o fôlego, os campos são tão verdejantes que até a aragem cheira a campo. As bananeiras estão por todo o país, é um dos principais produtos e, naturalmente, é um alimento de base importante na dieta diária dos Dominicanos, da mesma forma que as batatas são para os europeus e o arroz para os asiáticos. Como resultado desta abundância e variedade, as bananas são sempre parte das refeições como acompanhamentos em parceria com o feijão!

O que me deixou mais surpresa foram as pessoas. São todos muito prestáveis e sempre prontos a ajudar. Nos primeiros dias depois que chegarmos perguntei ao João se eles nos ajudam com sinceridade ou porque vêm que somos turistas e tentam tirar vantagem de nós. Quando perguntei a alguns locais a razão de serem assim a resposta impressionou-me e que espero que os nossos leitores possam também aprender da mesma forma que também o fizemos. "O nosso país é um destino turístico. Nós não queremos saber de onde vieram, e acreditamos que não é necessário perguntar de onde vieram, desde que seja um turista temos que o receber bem. O nosso país é talvez o único país no mundo onde pode conhecer uma pessoa local e no dia seguinte pode ser convidado para ir comer a sua casa ou mesmo ganhar um bom amigo."

O governo dominicano tenta promover a indústria do turismo e faz todos os esforços para melhorar a segurança do país. Tentam proteger a natureza, exemplo disso é o mangal que é protegido por lei. Na baía de Luperón todos estão conscientes do problema da poluição e as autoridades deixam muito claro que é estritamente proibido despejar lixo ou quaisquer outros produtos poluentes nas águas, pela simples razão de que não querem estragar o ciclo natural e perturbar a vida marinha. No entanto, se alguém tende a prejudicar a natureza, pode ver-se em problemas com as autoridades e tem que enfrentar as leis locais.

A República Dominicana é rica em alimentos, frutas e legumes e outros recursos naturais, no entanto, a água é uma preocupação séria. O governo tem feito sérios esforços para consciencializar as pessoas para a qualidade da água da rede pública, promovendo o consumo de água tratada, em vez da água que chega às casas.

Desde que chegámos que temos comprado água engarrafada. No entanto, encontrámos alguns velejadores experientes que nos disseram, como regra de ouro nas Caraíbas, geralmente bebem água da torneira se os locais também a bebem, caso contrário, bebem engarrafada. Temos seguido este conselho até agora. Esta é a razão de vermos tantas marcas diferentes de água tratada, marcas a nível nacional e mesmo apenas local. As opções e os preços variam muito. Tivemos a oportunidade de visitar uma das marcas de Luperón – onde nos foi explicado todo o processo e que, possivelmente, iremos abordar num próximo texto.

A parte norte da República Dominicana está virada para o Oceano Atlântico e o sul para o mar do Caribe, uma extensa linha de costa com muitos portos de pesca e infraestruturas. Luperón, onde passamos a maior parte do tempo, está localizado no litoral norte. Uma aldeia com poucos habitantes que com a alta dos preços do gasóleo e da gasolina, dá origem a custos insuportáveis para a indústria pesqueira. Em resultado disso, o porto de Luperón só tem seis barcos de pesca e só saem duas vezes por semana durante longos períodos para maximizar a margem de lucro. Há um porto comercial maior em Puerto Plata, que contribui grandemente para a economia da costa Norte, mas não é suficiente para abastecer toda a região. Este problema com os altos custos de combustível e frota de pesca pequena, justifica a falta de opções em termos de pescado, mesmo vivendo na água!

Agora o veleiro Dee está quase perfeito para velejar em alto mar. Tudo está ficando afinado e deixámos de dar mais passos para trás do que para diante. Se as coisas seguirem de acordo com o plano, vamos estar à espera de uma janela de tempo favorável para deixar Luperón, com rumo a leste de La Hispaniola, para seguir para Porto Rico, um dos estados da América.
Vista de mar, Puerto Plata
Vista de mar, La Isabela
Catedral, Puerto Plata
Área Colonial, Puerto Plata
Baía de Luperón, vista da Marina Tropical
A primeira igreja das Américas; Las Americas, La Isabela
Fruta na estrada, Puerto Plata
Actividade de domingo, escola de vela na baía de Luperón
Noel com pôr-do-sol , baía de Luperón
Pai e filha, na baía de Luperón
Filete de peixe com banana frita
Rua na vila de Luperón
O "nosso" fornecedor de vegetais local, Luperón
Baía de Luperón, vista da Marina Luperón