sexta-feira, julho 05, 2013

Corrida a Luperon

Mais de 80 horas de avião, cinco voos e muitas horas sem dormir foi o preço a pagar para ir ver o nosso veleiro antes de terminar a transacção. Depois de todos os contactos, da inspecção e do primeiro depósito, era altura de reservar um bilhete, visto que a restante família não poderia ir. Apenas eu (o João) fui à República Dominicana, ficando a NaE, com  o Noël e a Maria, com pouco mais de um mês, à espera de novidades.
Hong Kong para Narita e Newark
O voo de partida foi no dia 13 de Fevereiro, em direcção a Tóquio, para depois seguir daqui para Newark, onde iria ficar quase 24 horas à espera para apanhar outro voo que me levaria a Puerto Plata, na República Dominicana. Uma aventura inédita e que, de certa forma, trazia alguma ansiedade. Além de nunca ter viajado para o continente americano, havia ainda toda a incerteza acerca do país e de como realmente estaria o barco. Depois da odisseia do avião, chegado à República Dominicana à hora de almoço, era altura de tentar encontrar forma de chegar ao hotel onde tinha sido feita a reserva. Um hotel, como muitos outros neste país, com tudo incluído. A viagem de táxi do aeroporto até ao Puerto Plata Village, pouco mais de cinco quilómetros, deve ter sido das corridas mais caras da minha vida, confirmando-se que os transportes na República Dominicana são, realmente, caros. Devido ao elevado preço dos combustíveis, segundo fiquei a saber dias depois. Já instalado no hotel, era altura de tentar encontrar forma de transporte para Luperon, cerca de 100 quilometros de distância! Muitas conversas com o pessoal do hotel e alguma pesquisa na internet feita, decidi alugar um carro, pela módica quantia de 70 dólares americanos por dia! Um Kia Sportage que já tinha visto melhores dias mas que se manteve em bom funcionamento durante os dias de utilização, nunca me tendo deixado a pé! No dia da chegada, além de estar cansadíssimo, não tinha meio de transporte, pelo que optei por ficar pelo hotel. No dia seguinte à hora de almoço, ainda a dormir visto que a diferença do fuso horário era de 12 horas (!), literalmente do outro lado do mundo, lá me vieram buscar para ir ver o carro, preencher a papelada e seguir viagem. Por volta das três da tarde já conduzia em direcção a Luperon, num trânsito apenas comparável ao da China! Regras? Para quê?
À chegada a Luperon, e decidido a encontrar a Marina Tropical pelos meus próprios meios, tive de perguntar duas vezes informações mas, contra todas as probabilidades, acabei por lá chegar sem grandes problemas. Tendo, no final, dado graças a deus por ter alugado um todo-o-terreno visto que o acesso é de terra batida e tinha chovido recentemente.
O nosso veleiro à chegada à marina
Já na Marina um dos empregados (Amauri de seu nome) recebeu-me com a hospitalidade normal do povo desta ilha. Indicou-me o meu barco e disse-me para estar à vontade que o gerente da Marina chegaria dentro em breve. A primeira visão do “Carry Okies” foi positiva, estava com o casco pintado de novo e com bom aspecto, tendo eu decidido ir ver por dentro como estava. Primeira inspecção feita era altura de ir cumprimentar Sergey, o gerente, que se veio a revelar um grande amigo e seguir para ir comer alguma coisa porque já se fazia tarde. Durante o tardio almoço, onde me foi servida “a bandeira” (forma como os dominicanos denominam a refeição normal constituída por carne, arroz e feijão, imagens que fazem parte da sua bandeira!), aproveitei para telefonar ao vendedor, tendo acabado por combinar ir encontrá-lo no dia seguinte quando regressasse a Luperon pela manhã (se procuram um veleiro, aconselho vivamente que contactem Gil McWhirter da Luperon Yachts and Property Sales, um tipo excepcional e excelente profissional). No mesmo dia, à noite, resolvi ir conhecer o responsável pela inspecção do barco, tendo ir jantar no seu restaurante em Sosua. Tendo sido acolhido de forma afável, não me tendo deixado sequer pagar o jantar (se precisam de um inspector na República Dominicana ou um local para comer e beber, o Britannia e Ray Quenville da SeaMonkey Marine Surveys é a pessoa a contactar).
Britannia pub em Sosua
De regresso à Marina Tropical, era altura de planear o que fazer, tendo pedido ajuda a Amauri para que me aconselhasse duas pessoas para me ajudarem na árdua tarefa de retirar tudo de dentro da embarcação, limpar, encerar e voltar a meter o que era escolhido, antes de ter de regressar à Ásia no dia 23.
Parte do que saiu do interior do veleiro
Foram cinco dias de intenso trabalho, desde as 8 da manhã até quase não haver luz natural, para retirar tudo do interior do veleiro, limpar, lavar, e depois de tudo escolhido, voltar a meter no seu interior novamente. A pouco e pouco tudo foi ordenado, limpo e com a ajuda dos dois trabalhadores da marina, conseguiu-se terminar a tarefa no último dia, tendo pelo meio sido feita uma viagem a Santiago de los Caballeros (a segunda maior cidade do país logo a seguir à capital) para tentar encontrar caixas para acondicionar tudo o que era para guardar do barco.
Piso limpo e encerado
Deixei a República Dominicana no dia 24 com destino a Newark, tendo embarcado no dia seguinte para Hong Kong, desta vez sem fazer escala em Tóquio. Foi uma volta completa ao mundo em pouco mais de uma semana!
Newark para Hong Kong, completa-se o círculo!




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