segunda-feira, julho 22, 2013

Coração destroçado


Este artigo deve ser dedicado à NaE, visto que ela está na fase de preparação do espírito para o novo estilo de vida, completamente diferente do actual!
Sendo ela da “cidade grande”, preocupa-se muito com as aparências e bens "materiais", mas a culpa não é culpa dela! Os pais educaram-na dando-lhe a impressão que podia ter tudo, apesar de frisarem que, no entanto, só podia ser uma coisa de cada vez! Esta educação condicionou a sua forma de pensar: "quero sempre o melhor". Coisas de marca ou caras são sempre melhores do que outras sem marca! Esta forma de pensar piorou ainda mais depois de ter mudado para a China, onde a primeira pergunta que as pessoas fazem assim que te vêem com algo novo é "Quanto custou?". Para os asiáticos, e sei que é rude aos olhos dos "brancos" (ocidentais), no entanto, é cultural!
A NaE tem a sorte de conseguir ganhar dinheiro suficiente para suportar suas próprias despesas e ter o suficiente para pagar por essa forma de pensar! Como família viajamos para a Europa, pelo menos, uma vez por ano, e para outros países da Ásia 2-3 vezes, não incluindo a Tailândia sempre ela “chora” para ir visitar a mãe e os amigos de infância. E claro, em todas essas viagens, o “turismo” é feito, nos centros comerciais! Sim! Apesar de também, esporadicamente, visitarmos locais históricos, a maioria do tempo é passado nesses locais com ar condicionado!
Recentemente, a NaE estava com o João na cozinha, quando o telefone dela tocou ela respondeu: "Ok, obrigado". Foi tudo o que disse à pessoa do outro lado da linha, intrigando o João que lhe perguntou o porquê de uma conversa tão curta. "A ..... (Loja de relógios de marca no maior centro comercial de Macau) ligou-me para dizer que estavam a fazer saldos. Vês, agora nem preciso de ir procurar pelos saldos, as lojas até me ligam! " "Devias era ter vergonha", disse-lhe o João ao sair da cozinha.
Graças a Deus temos o barco na República Dominicana, e não podemos levar tudo de Macau porque seria muito caro. A sério, a NaE quer levar tudo da marca "X" ou "Y", malas, etc, desculpando-se com o facto que pode ser preciso para quando for a uma festa! Festa, onde?!
Na verdade, ela até que nem e assim tão obcecada com a marca e até já melhorou muito desde que nos conhecemos! O ponto de viragem foi ter ficado grávida. A maioria das suas roupas já não servem! Por isso precisou de comprar roupas, tendo optado por comprar mais baratas e apenas o essencial na esperança de que ainda possa vir a usar as antigas roupas! No entanto, já se apercebeu que não será possível!
Quando começou a vender as coisas em casa, porque não podemos levar tudo para o barco, foi "forçada" a vender todos as suas coisas de "marca", sendo o João obrigado a ouvir, vezes sem conta, fazer como "Nunca usei isto "," isto comprei na Europa" ou " este é da marca bla…bla…bla…". Enquanto o João considerava tudo aquilo chato, a NaE sentia-o como sendo uma tragédia, tendo de escolher as coisas tão "preciosas" para vender ao desbarato.
Só agora se apercebeu que via ter de começar do zero novamente. É o momento perfeito, esta mudança para o barco. "Se eu soubesse que ia perder uma fortuna, nunca teria gasto tanto dinheiro nestas coisas ", continua ela a lamentar-se!
No entanto, esta experiência não foi do dia para a noite e ela ainda não perdeu toda a esperança. Agora sempre que tem de comprar alguma coisa pondera muito bem, optando por comprar ainda de marca, mas apenas o essencial, não porque está em saldos... Um passo de cada vez...
Agora a sua grande dúvida é: "Como é que vai fazer a mudança para o barco com apenas 23 quilos de bagagem?"
Outro artigo para chorar em breve!

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